Rastreabilidade: a revolução silenciosa no fornecimento de frutas frescas
A rastreabilidade tem deixado de ser um diferencial para se tornar uma exigência fundamental no setor de frutas frescas. Com a crescente pressão por transparência, qualidade e segurança alimentar, varejistas, distribuidores e operadores de food service precisam garantir que cada etapa da cadeia produtiva esteja documentada e acessível. Este artigo aprofunda como a rastreabilidade está transformando o fornecimento de FLV no Brasil, impulsionando ganhos logísticos, confiança do consumidor e eficiência operacional.
Por que rastrear? A demanda por segurança e confiança
A rastreabilidade é definida como a capacidade de acompanhar o histórico, a aplicação e a localização de um produto ao longo da cadeia produtiva. No setor de FLV, ela se torna crítica por envolver produtos altamente perecíveis, suscetíveis a contaminações e que impactam diretamente a saúde do consumidor.
De acordo com a ANVISA, os programas de rastreabilidade são essenciais para reduzir riscos sanitários, facilitar a identificação de lotes contaminados e agilizar ações corretivas. Em 2022, mais de 30% das amostras analisadas pela fiscalização continham resíduos de agrotóxicos acima do permitido — e a ausência de rastreabilidade dificultou o rastreio das origens.
Rastreabilidade e ESG: um novo imperativo corporativo
Consumidores, investidores e parceiros comerciais passaram a exigir práticas mais transparentes e responsáveis. A rastreabilidade tornou-se uma ferramenta indispensável para atender aos pilares ESG, especialmente nos quesitos governança e responsabilidade ambiental.
Empresas que integram rastreabilidade em seus sistemas logísticos demonstram compromisso com a origem sustentável dos produtos, condições de trabalho na cadeia e processos de produção que respeitam o meio ambiente. Segundo a Consultoria McKinsey, 70% dos consumidores brasileiros estão dispostos a pagar mais por produtos que garantam procedência confiável.
A tecnologia como aliada da rastreabilidade em frutas
Soluções como QR Codes, blockchain, sensores de temperatura e ERPs agrícolas estão transformando a forma como frutas são monitoradas do campo à gôndola. Ferramentas digitais permitem registrar desde o cultivo e colheita até transporte, armazenamento e entrega final.
A startup brasileira PariPassu, por exemplo, já integra sistemas de rastreabilidade em grandes redes varejistas e centros de distribuição, permitindo acesso em tempo real a dados do produto. Além disso, a adoção do Padrão Nacional de Rastreabilidade de Vegetais Frescos da Anvisa e do MAPA tem impulsionado o uso de tecnologias obrigatórias no setor.
O papel do distribuidor na gestão rastreável de FLV
Atualmente as distribuidoras especializadas implementam processos de controle e rastreio em todas as etapas da operação. A seleção, armazenagem, separação de pedidos e transporte são realizados com foco em garantir que cada lote de fruta tenha origem conhecida, lote identificado e documentação padronizada.
Essa rastreabilidade permite atuar com eficiência na gestão de qualidade, responder com agilidade a exigências sanitárias e oferecer segurança jurídica aos clientes B2B. Além disso, valoriza o produto aos olhos do consumidor final, que busca alimentos mais confiáveis.
A rastreabilidade representa uma revolução silenciosa no fornecimento de frutas frescas. Mais do que atender a uma norma, trata-se de adotar uma mentalidade voltada à transparência, eficiência e respeito ao consumidor. Empresas que lideram essa transformação não apenas reduzem riscos, mas constroem reputação, abrem mercados e contribuem para um agronegócio mais moderno e sustentável.